SEM EXPLICAÇÃO

Quando uma determinada equipa ganha um jogo de futebol, comentadores e analistas de pronto vêem o copo meio cheio, evidenciando virtudes, e procurando encontrar nelas a razão da vitória. Quando essa mesma equipa perde, lá têm de olhar para o copo meio vazio, e procurar defeitos a partir dos quais explicar a derrota. É essa a forma de fazer corresponder – muitas vezes com artifício - cada resultado, às vicissitudes técnicas, tácticas e físicas que envolvem as partidas. De colorir uma retórica que vai muito para além da única evidência que o futebol regista: o número de bolas que entra nas balizas.
Toda essa verborreia omite, porém, um dado essencial: estamos, antes de mais, perante um jogo, cujos resultados incorporam uma larga componente aleatória.
É verdade que as equipas jogam bem ou mal, que passam por momentos de forma melhores ou piores, que têm pontos fortes e pontos fracos. As que jogam melhor e são mais fortes, ganham mais vezes.
O que não é justo é cantar loas a quem alcança uma dúzia de vitórias consecutivas, e depois, ao primeiro revés, colocar tudo em causa, como se, por magia, de um dia para outro, os atributos se transformassem em inépcias.
Um bom exemplo disto foi o Clássico da passada semana, no qual o Benfica construiu oito (!!) ocasiões clamorosas de golo, sendo todavia derrotado por um adversário tão insípido quanto afortunado – que teve no seu guarda-redes o homem do jogo.

Mais prosa, menos prosa, mais teoria, menos teoria, o futebol é mesmo assim. Nem sempre é justo, nem sempre se explica. É esse um dos seus encantos. É também por isso que nos apaixona.

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