CIRCO DE FERAS


Quem diria?
Portugal apurado para as meias-finais do Euro 2012, praticando um futebol de grande categoria, vencendo, e convencendo-nos que pode chegar ainda mais longe.
Ultrapassado, sem espinhas, o “grupo da morte”, temia-se que a Selecção olhasse para esta República Checa com alguma sobranceria. Tal aconteceu muitas vezes, no passado, com resultados que não seria muito agradável lembrar.
Desta vez, porém, vimos uma equipa - na verdadeira acepção da palavra – de mangas arregaçadas, lutando de forma empenhada e confiante, acreditando em si própria e no seu labor, abrindo por essa via o espaço necessário para que a sua grande individualidade pudesse voltar a brilhar. E aqui estão resumidas as duas principais virtudes do trabalho de Paulo Bento: construir uma equipa coesa, onde as figuras menores conseguem passar despercebidas no meio da fluente acção colectiva, e onde as estrelas têm espaço para soltar todo o esplendor do seu talento.
Esta não será uma Selecção recheada de peças do mais fino quilate, como eram as equipas de Figo, Deco, Rui Costa, Simão ou Pauleta. Mas como conjunto, e pelo que se tem visto neste torneio, pede meças a qualquer outra equipa nacional – mesmo às que mais longe chegaram na história do futebol português. Têm um treinador de grande nível (sempre o disse), capaz de fortalecer um grupo, e fazer dele mais do que a soma das partes. E tem um jogador que faz a diferença, como Eusébio fazia em 1966. Este Cristiano Ronaldo sim, mostra que merece a adoração de todo um povo. Está finalmente a responder à chamada, a assumir o seu papel, a tornar-se o melhor jogador do Europeu, e cada vez mais perto de entrar para a eternidade do futebol mundial. Como aqui disse há uma semana, é nestes jogos, e nestes momentos, que se escreve a história. E Ronaldo parece estar, agora sim, de caneta em punho, empenhado em fazê-lo.
Uma equipa compacta, e um líder incontestado, capaz de decidir jogos. O que mais podemos desejar?

As tristonhas partidas de preparação mostravam outra coisa. Via-se um conjunto pouco articulado, descrente, e sem confiança, e via-se um Ronaldo ansioso e desinspirado. Nesta prova, tanto a equipa, como o seu capitão, têm crescido de jogo para jogo, e neste momento começa a ser-nos lícito embalar em todos os sonhos. Até porque há mais gente em muito boa forma (Moutinho, Nani, Pepe e Coentrão, por exemplo)
Agora há tempo para descansar, e esperar pela França ou pela Espanha. Preferia claramente a primeira, até porque temos várias contas a ajustar, e tanto os tempos de Platini, como os tempos de Zidane, já lá vão. No entanto, pelo que tenho visto (e vi os jogos todos), a Espanha também parece distante do fulgor com que encantou a Europa e o Mundo em 2008 e 2010. Venha quem vier, com Ronaldo em grande, não darei nenhum jogo como perdido.
Agora permitam-me que solte um…Viva Portugal!

PS: “PIGS”, Portugal, Italy, Greece and Spain. Tinha graça, vermos umas meias-finais assim. E ser a Grécia a empurrar a Alemanha para fora do Euro seria uma deliciosa ironia da história. Hoje, serei grego.

2 comentários:

FSG disse...

Adorado por um povo? Sou benfiquista, lembro-me do pirete em plena Luz. Se lhe desejo o melhor Euro possível? Claro, sem dúvida, o sucesso de ronaldo é o nosso sucesso. Adorado por um povo, só por um povo que falhou a 4ª classe.

Atento disse...

Eu não sou tão optimista por uma razão simnples face ao vendaval ofensivo que tivemos tanto com a Holanda como agora com os Checos muitos golos se desperdiçaram, e nas meias-finais o grau de dificuldade vai ser maior independentemente do adversário e não vamos ter tantas oportunidades, portanto maior eficácia precisa-se,e não esquecer que provavelmente vamos ser roubados como a Ucrânia e a Croácia foram, porque o desejo de final já está dito Alemanha-Espanha. Quanto ao Ronaldo finalmente está a ser igual a si próprio na selecção já não era sem tempo.