NA ALTURA CERTA

Há já algum tempo que se dizia nos bastidores que Anderson andava de cabeça perdida devido à grave doença do filho. Esse mesmo foi o argumento que ouvi a meio da temporada passada, para justificar o seu menor rendimento, quando a saída de Ricardo Rocha e a lesão de Luisão o obrigaram a assumir o comando da defesa encarnada.
Agora que o caso veio a público, o jogador entendeu partir a corda perante a direcção benfiquista, recusando-se inclusivamente a partir para a Roménia onde amanhã os encarnados jogarão frente ao Cluj a sua primeira partida da época.
É evidente que uma situação familiar desta natureza merece a máxima compreensão de dirigentes, colegas e adeptos. Ao fim e ao cabo, não se pode pretender criar um espírito de equipa forte, e depois não fomentar a familiaridade e a solidariedade dentro do grupo e do clube.
Todavia, o Benfica não tem obviamente qualquer culpa na situação, e não pode de modo algum ver beliscado o seu máximo interesse devido a uma situação do âmbito particular – e diga-se que também Léo tem vivido um problema semelhante. Uma coisa será conceder umas dispensas extra ao jogador para se deslocar ao Brasil, ou até mesmo procurar uma solução no mercado que não prejudique nenhuma das partes (preferencialmente no silêncio do secretismo), outra bem diferente é ceder a uma pressão chantagista da parte de um jogador, que é um profissional muitíssimo bem pago, e que ninguém obrigou a vir para a Europa e a assinar um contrato com o Benfica.
Além do mais, aquilo que o jogador foi dizendo – em vez de se manter calado – foi que estava insatisfeito por jogar fora da sua posição preferida, como se isso fosse motivo para alguém se sentir no direito de denunciar um contrato, sabendo-se que o plantel tem quase trinta elementos, alguns deles pouco jogam, e os que o fazem terão naturalmente de o fazer de acordo com as ideias e as orientações do técnico.
Quem lê habitualmente o que escrevo, sabe que por princípio estou quase sempre do lado dos jogadores. São eles que jogam, que marcam golos, que defendem, que, enfim, interpretam os nossos sonhos dentro dos relvados. São os nossos ídolos, e é assim que os entendo, até por antagonismo com outros personagens, por vezes com maior protagonismo dentro da indústria futebolística.
Não posso contudo deixar de condenar este tipo de atitude, que parece começar a fazer escola, de um qualquer profissional ter um contrato assinado com um clube, este pagar-lhe a tempo e horas (como é o caso do Benfica), e ainda assim, achar-se no direito de o romper ou condicionar unilateralmente, quer porque outros lhe prometem pagar mais, quer por motivos da mais variada ordem, por mais respeito que alguns deles possam merecer. No limite, a aceitar-se este tipo de pressão, deixariam de existir contratos e instituía-se de vez a lei da selva, na qual naturalmente - como sempre acontece na vida quando se segue a via da desregulamentação -seriam os mais fortes (neste caso clubes ou países) a impor opressoramente a sua vontade.
Não consigo advogar aqui uma posição de força do Benfica, pois a sensibilidade ao problema do jogador não mo permite. Não deixo no entanto de notar que este caso – assim como o de Nelson, embora este de natureza eminentemente disciplinar e a justificar outro tipo de acção – surgem em ainda em muito boa altura para re-equacionar a necessidade de reforço do sector defensivo do plantel encarnado (tal como já disse em mais de uma ocasião), preferencialmente com jogadores que coloquem a sua profissão num plano mais elevado das suas prioridades. Um plantel com as aspirações do do Benfica, não pode estar sujeito ao sortilégio de questões familiares deste ou daquele jogador, e muito menos a atitudes de displicência profissional de pseudo-craques que nenhum título ainda ganharam. É também por isso que não há milhões que paguem um jogador, mais que com a qualidade técnica, com o perfil competitivo e a mentalidade profissional de, por exemplo, Simão Sabrosa.

2 comentários:

Anónimo disse...

LF

Acho esta situação, está mal contada, eu não posso aceitar, que um clube com a dimenção do Benfica e com os seus objectivos, possa fazer algo para desunir o grupo

Se o filho de Anderson, está realmente tão doente como se diz, porque começou ele a falar da sua posição em campo e que estava descontente no Benfica, porque não falou abertamente nessa questão, será que no Brasil, há hospitais melhores que em Portugal, onde o seu filho será melhor tratado

Esta situação colocada deste modo, dá a entender que os dirigentes do Benfica, são uns bichos, sem coração e que só pensam no dinheiro, sem olhar ao drama que se passa dentro do seu balneario

Penso que Anderson mete o "pé na poça", quando se recusa a fazer a viagem á Roménia, deixa os dirigentes do Benfica, sem hipoteses de resolver esta situação, em que ambas as partes fiquem satisfeitas

O Anderson deveria pensar, que isto não podia ser assim, deveria ter sido aconselhado pelo seu empresário ou pelo seu advogado, Anderson é um empregado da SAD do Benfica, com contrato e com os salários em dia, portanto, não se pode ir embora quando lhe apetecer

O Benfica tem de resolver esta situação, dentro de poucos dias, para bem da sua equipa

Anónimo disse...

A atitude de Anderson é incompreensível!

A ser verdade a grave doença do seu filho, ele deveria ter desde o início contado a verdadeira história e não tentando "colar" mentiras como a de não jogar na sua posição preferida...

Com esta atitude quem fica a perder é o jogador que assim, e apesar da solidariedade dos adeptos benfiquistas em torno da doença de Kauan (acho que é este o nome do seu rebento), não conseguem disfarçar a pouca simpatia que nutrem pelo central brasileiro, que após uma época algo decepcionante, ao contrário da sua primeira época em Portugal, demonstrou tanta vontade de sair do clube por motivos bastante infantis para um jogador que é pago a peso de ouro e que até nem foi dos menos utilizados...