LONGE DOS QUARTOS

Se à partida para esta eliminatória as probabilidades de sucesso do F.C.Porto não iriam, realisticamente, além dos 20%, com o resultado de ontem no Dragão elas ter-se-ão reduzido para pouco mais que 5%.
É verdade que faltam noventa minutos e qualquer vitória serve. Mas o Chelsea é o Chelsea, joga em sua casa - onde poucas hipóteses costuma dar aos adversários que o visitam – e o F.C.Porto está longe, muito longe, da equipa que tinha como técnico justamente aquele que ontem se sentou no banco oposto.
Os Dragões até tiveram a sorte do jogo do seu lado quando viram o central e capitão John Terry sair lesionado ainda nos primeiros minutos, e aproveitaram a superioridade numérica daí resultante para chegar ao golo no primeiro remate que fizeram à baliza de Cech, depois de alguns minutos de grande nervosismo. Quando Meireles marcou já aquecia o médio Obi Mikel, mas de imediato Mourinho mandou entrar o extremo Robben, adoptando um sistema de jogo bem mais audaz e afirmativo do que o que tinha idealizado para esta partida. Do 4-4-2 inicial, o Chelsea passava agora a actuar num 4-3-3, com Shevchenko e Robben a cairem nas alas. Foram justamente esses dois homens que contruiram o golo que de pronto restabeleceu a hierarquia – em lance muito facilitado por Bosingwa e Bruno Alves - e que repôs uma igualdade que só aparentemente o era pois na verdade, a partir desse momento, não se voltava à estaca zero mas eram sim os ingleses a conquistar importante vantagem na eliminatória.
Pedia-se um super-Porto e ele até ameaçou aparecer. Sobretudo através de Ricardo Quaresma – que primeira parte! - que fez o que quis do pobre Diarra, médio adaptado a lateral, e por pouco não marcou o que seria um dos mais belos golos de toda a temporada europeia. Já antes Lisandro Lopez perdera uma excelente ocasião para marcar diante de Petr Cech.
A segunda parte foi totalmente diferente. Fazendo sair de novo o tocado Robben e entrar, então sim, o nigeriano Mikel, Mourinho repôs a estrutura inicial, recuou as suas linhas e tapou todo o espaço no seu meio campo, com especial incidência no flanco direito da defesa onde a Quaresma não mais foram permitidas quaisquer veleidades. A qualidade do espectáculo degradou-se.
As substituições de Jesualdo também em nada ajudaram, partindo totalmente a equipa em duas - algo que ele fazia frequentemente no Benfica, se bem nos recordarmos. Notou-se ainda na fase final do jogo algum desgaste físico e anímico do F.C.Porto, vindo ao de cima a maior experiência e valia dos britânicos, que nos instantes finais até acabaram por estar mais perto do segundo golo, deixando no ar a sensação de que o conseguiriam caso dele necessitassem.
No conjunto dos 90 minutos pode-se dizer que o resultado é justo pois se o Porto não merecia perder, também se tem de dizer que, se exceptuarmos o período da saída de John Terry e do golo, praticamente apenas jogou aquilo que o Chelsea deixou.
Em termos individuais o destaque vai claramente para Essien que encheu o campo e quase sozinho deu conta de todo o ataque do F.C.Porto. No F.C.Porto brilharam Quaresma - na primeira parte foi brilhante -, e Paulo Assunção. Pela negativa esperava-se mais de Drogba na equipa de Mourinho, enquanto que no F.C.Porto esteve estranhamente apagada a dupla argentina Lucho-Lisandro, que tão bem costuma aparecer nos jogos internacionais. Postiga não marca qualquer golo há 10 jogos consecutivos, o que juntando à crise de Nuno Gomes representa um grave problema para a selecção nacional.
O árbitro suíço esteve impecável e confirmou tratar-se de um dos melhores da actualidade.
O Chelsea conseguiu assim os seus objectivos, e o F.C.Porto fica bem mais longe do sonho dos quartos-de-final pois convenhamos que só um milagre o fará vencer em Stanford Bridge.

Nos outros jogos da jornada o destaque vai inteirinho para a derrota do campeão Barcelona em casa diante do Liverpool – as duas equipas que o Benfica defrontou nos quartos e oitavos da época transacta- , com a particularidade de os dois golos terem sido apontados justamente pelos jogadores que se envolveram em confrontos no estágio algarvio (Bellamy e Riise), o que indicia que Benitez terá talvez sabido reverter a situação a favor da equipa. Adensa-se assim a crise em Camp Nou, naquela que era há muito pouco tempo unanimemente considerada a melhor equipa europeia, e agora, praticamente com os mesmos jogadores, perdeu a Supertaça, a Intercontinental, e vai bem lançada para sair da Champions pela porta dos fundos.
O rico e opulento Inter, imparável no plano interno, comprometeu a passagem ao empatar a dois em casa diante do Valência, enquanto que o Lyon manteve o seu favoritismo intacto ao impor uma igualdade a zero no Olímpico de Roma.
Na véspera Real e Bayern deixaram tudo em aberto para Munique, enquanto o Manchester, com o empurrãozito que protege normalmente os fortes desta competição, conseguiu alinhavar a eliminatória frente ao Lille. Milan também empatou fora, enquanto que o PSV de Ronald Koeman provocou uma pequena surpresa ao triunfar por 1-0 diante do Arsenal, provando a especial apetência que o técnico holandês tem para lidar com os grandes confrontos internacionais – este resultado fez lembrar o 1-0 ao Liverpool conseguido pelo Benfica faz agora precisamente um ano, na mesmíssima fase da prova.

1 comentário:

Anónimo disse...

o porto jogou o que o chelsea deixou... está bem... aliás o chelsea veio cá, tipo, para deixar o porto jogar só assim no meio campo e controlar o jogo... que tristeza... e que dizer do lance do essien sobre o quaresma... normalissímo
já agora onde está a liga da verdade?