E TUDO MILLER LEVOU...

O Benfica liquidou hoje as suas hipóteses de repetir o percurso da época passada na mais importante prova de clubes da Europa. Por muitas contas que se façam, por muita matemática que ainda subsista, não parece crível que depois do resultado de hoje a equipa encarnada ainda venha a ter alguma possibilidade de seguir em frente, agora que nem sequer depende de si própria.
Ficou do jogo de Glasgow a ideia clara de que este Benfica não tem ainda um grau de maturação suficiente para enfrentar grandes desafios europeus, mau grado a melhoria nas últimas partidas domésticas. A equipa de Fernando Santos, com muito ainda para crescer, não consegue ainda abordar jogos deste tipo de uma forma ganhadora, isto é, não consegue atacar com segurança, não consegue suster a pressão de avançados combativos e móveis, não consegue gerir o espaço e o tempo, tornando-se insipiente no ataque e permeável defensivamente.
Até ao segundo golo do Celtic, iam decorridos 66 minutos, nem se pode dizer que o Benfica tenha jogado mal (tal como não jogou mal com o Manchester). Começou algo titubiante, é certo, mas depois serenou o seu jogo, criou oportunidades (cinco em todo o jogo, para além de mais de uma dezena de remates) e o mínimo que se poderia dizer no início do segundo tempo era que a igualdade se ajustava.
A verdade é que depois de uma ténue reacção ao primeiro golo (de onde sobressaiu um potente disparo de Nuno Assis, sempre inconformado, à barra), a equipa benfiquista desintegrou-se, sofreu o segundo golo num contra-ataque em que ficou bem patente o seu desnorte competitivo – com meia hora ainda para jogar não se entende tanto espaço concedido atrás, e pior, na sequência de um canto a favor -, e depois morreu para o jogo. O terceiro, nos minutos finais, apenas confirmou a derrocada, numa altura em que o Benfica há muito utilizava apenas o coração, e pouco ou nada a cabeça.
Resta agora esperar por um milagre ou, mais realisticamente, lutar pela continuidade na Taça Uefa.
Não há que dramatizar. O Benfica fez na época passada um brilharete europeu para a sua dimensão futebolística actual, teve então a sorte do seu lado nos momentos mais importantes do trajecto. Este ano isso não tem acontecido, mas o Benfica não é obrigado – pela sua história recente e pelo seu orçamento – a ir longe na Liga dos Campeões. Era bonito que fosse, mas as suas obrigações não abrangem, no seu momento presente, vitórias europeias, como aliás é o caso, infelizmente, de todos os clubes portugueses. O Celtic também não é nenhuma pêra doce (pelo contrário, trata-se de uma belíssima equipa), bastando atentar ao facto de Miller, autor dos dois primeiros golos, ser suplente do lesionado Hasselink, para se perceber o potencial das opções de Gordon Strachan.
A equipa de Fernando Santos tem crescido nos últimos jogos da Liga Portuguesa, adoptando um modelo de jogo que me parece encaixar bem nessa prova, onde defronta, com duas excepções, adversários substancialmente inferiores. Santos e os seus jogadores merecem continuar a ser apoiados, pois a época ainda é muito longa, e resta muita coisa para vencer.
Em termos individuais parece-me que Nuno Assis foi o mais inconformado e aquele que manteve um nível mais elevado ao longo de todo o jogo. Léo integrou-se bem no ataque, mas fica ligado ao primeiro golo. Ricardo Rocha foi de entre os defesas aquele que mais segurança evidenciou. Na frente, Miccoli e Nuno Gomes estiveram completamente "ausentes", e Simão intermitente. A dupla de médios voltou a denotar alguns problemas nas transições defensivas, algo que talvez nos jogos nacionais não venha a verificar-se, dada a menor valia da generalidade dos adversários.
Pontuações: Quim 3, Alcides 1, Luisão 2, Ricardo Rocha 3, Léo 3, Petit 2, Katsouranis 2, Nuno Assis 3, Simão 3, Miccoli 1, Nuno Gomes 1, Nélson 1 e Fonseca 1.
Melhor benfiquista em campo: Nuno Assis

O F.C.Porto goleou o Hamburgo mantendo acesa a chama do apuramento. Todavia, a vitória do CSKA frente ao Arsenal, em nada favoreceu os dragões, que terão de ir ganhar à Alemanha para poderem encarar os últimos dois jogos com algum optimismo.

8 comentários:

Anónimo disse...

LF

Só fico completamente derrotado, quando no Estádio da Luz, não vencer o Celtic de Glasgow, neste momento ainda acho credivel o apuramento para os oitavos de final

As minhas contas são estas:

O Benfica tem a obrigação de vencer o Celtic e o Copenhaga na Luz, ficando com 7 pontos

O Celtic perde na Luz, é muito provavel perder com o Manchester, embora o jogo seja na Escócia

A qualificação está guardada, para a ultima jornada com o Manchester-Benfica e com o Copenhaga-Celtic

O curioso, é que nessa altura, tanto o Manchester, como o Copenhaga, estão a jogar para cumprir calendário, o Manchester será primeiro e o Copenhaga ultimo

Portanto a luta, será até ao fim, não está nada perdido

Anónimo disse...

Lamento não ser assim tão optimista, mesmo já mais a frio do que no momento em que escrevi a crónica (imediatamente a seguir ao jogo).

1º Acho difícil o Celtic perder em casa com um Manchester já apurado e em descompressão. Acho até provável que os escoceses possam ganhar esse jogo.

2º Depois, também não é nada líquido que o Benfica ganhe os dois jogos em casa. Pelo que se viu ontem o Celtic é uma equipa forte, e pode muito bem vir empatar ou mesmo ganhar em Lisboa.

3 º E por fim, para além destas condicionantes, ainda seria preciso vencer em Old Trafford.

São contas a mais...

O meu entusiasmo prende-se a partir de agora com a qualificação para a Uefa que, essa sim, permanece bem de pé. E mesmo assim não se pode facilitar muito...

Talvez a Uefa permita ao Benfica uma carreira europeia profícua, pois os adversários são substancialmente mais acessíveis, e para o ranking da Uefa os pontos valem o mesmo.
O importante é para o ano estarmos na Champions outra vez.

Anónimo disse...

LF

Falemos agora do Jogo

Acho que nos primeiros 25m, entramos com muito receio do Celtic, a equipa estava muito recuada e muito fechada, tinha grandes dificuldades em fazer a transição para o ataque

A táctica do FS, pareceu-me ser um 4-4-2 em lusango, com o Simão como vertice de ataque, esta situação levou a que, faltando as subidas dos laterais, todas as movimentações atacantes, perderam a sua profundidade

Outra coisa que queria frizar, foi a troca do Nelson pelo Alcides, a equipa ganhou altura, mas perdeu mobilidade, com esta troca o FS demonstrou á equipa que temia o Celtic e que dava o controlo do jogo ao adversário, para o Benfica ficar submisso e responder caso o Celtic marcasse um golo, esta situação é contra natura para o nosso clube, que esta habituado a jogar ao ataque e a ser ele a comandar o jogo

Quero deixar a minha revolta, por o Benfica não jogar com o seu equipamento habitual, uma das coisas que levou a muita gente gostar do Benfica foi as sua cores, vermelho e branco, estas mudanças de equipamentos leva a uma descaraterização do clube e a ter um efeito psicologico no adversário, esta situação mais na nossa liga

Anónimo disse...

"O importante é para o ano"
nunca pensei vir a ler isto de um benfiquista...afinal éramos nós que dizíamos isso.

Anónimo disse...

Cj,
Quero ganhar o campeonato nacional, a taça de Portugal, e fazer figura na Taça Uefa, ainda este ano.

Catn, Quanto ao equipamento, se bem que eu normalmente não ligue muito a essas coisas, também achei desnecessário mudar.
O Alcides seria para contrariar o jogo aéreo do Celtic, arma que este acabou por não utilizar (devido à ausência de Hasselink).

A estratégia de jogo foi bem montada, e o Benfica fez o que tinha que fazer durante dois terços do jogo.
Depois teve o azar de sofrer um golo (podia ter tido a sorte de o marcar, mas não foi assim), e a partir daí é que revelou uma, diria , imaturidade, que eu já não esperava desta equipa.

Anónimo disse...

Para mim o culpado do primeiro golo não foi o Leo mas sim o Katsouranis que não fez a cobertura do "seu" flanco direito (que é o seu raio de acção, com este sistema).
Quanto às contas, estão totalmente certas, só um milagre nos colocaria na fase seguinte, porém, se bem te lembras, esse milagre já aconteceu no passado com o Porto...

LF disse...

Brytto,

Não disse que Léo seria o único, nem o principal culpado do primeiro golo, mas sim que estava ligado a ele.
É o lateral brasileiro que deixa Miller escapar-se no interior da área, e desviar à vontade a bola para a baliza. Isso ensombra um pouco a exibição de Léo, que de resto foi muito positiva.

É claro que Katsouranis também é culpado, e isso remete-nos para um dos principais problemas do losango benfiquista: Neste sistema, os interiores (vértices laterais do losango) têm que fazer cobertura aos laterais, numa harmonia de movimentos que requer alguma perfeição e sistematização, que não está ainda manifestamente conseguida. Será porventura até o principal "detalhe" a trabalhar quando se pretende aplicar este sistema.
Acredito que com o tempo o problema se resolva, pois no F.C.Porto de Mourinho e no Sporting de Paulo Bento isso também não sucedeu de um dia para o outro (Mourinho teve seis meses ainda na época iniciada por Octávio, para trabalhar a equipa).

Falando em Sporting veja-se que o golo do Bayern também surge devido exactamente ao mesmo problema, neste caso tendo Carlos Martins como protagonista.
Na Liga Portuguesa muitas equipas não têm capacidade para aproveitar essas lacunas, mas na Liga dos Camepões elas são normalmente fatais.

LF disse...

Quanto às contas elas são relativamente simples.
Ganhar os dois jogos e esperar que o Manchester vença em Glasgow.
Entraríamos na última jornada com a classificação seguinte:

MANCHESTER 15
Benfica 7
Celtic 6
Copenhaga 1

Depois teríamos que fazer em Old Trafford o mesmo resultado que o Celtic em Copenhaga.
São condicionantes a mais.
Foi uma lástima não termos perdido por exemplo por 2-1. Valia quase mais um ponto...
Tive essa percepção durante o jogo (nos minutos finais), mas parece-me que os jogadores dentro do campo nunca pensaram nisso.

Seja como for lá estarei dia 1, para apoiar o Benfica até ao fim.
Além do mais convém não facilitar com vista à UEFA.