A ANTEVISÃO DE UM CLÁSSICO

Faz em Dezembro um ano, o Benfica eliminava de forma tão surpreendente como brilhante o super Manchester United da Liga dos Campeões no jogo de vida ou morte que fechava a fase de grupos. Nesse dia só a vitória interessava, e foi com golos de Beto e Geovanni, respondendo ao tento madrugador de Paul Scholes, que o Benfica escreveu uma bonita página da sua história recente.
Passados pouco mais de nove meses, as duas equipas encontram-se novamente no mesmo palco.
Agora como então, o Benfica debate-se com um mar de dúvidas na constituição da sua equipa – na altura faltaram Simão, Manuel Fernandes, Miccoli e Karagounis, desta vez Rui Costa e Nuno Assis parecem fora de combate (Miccoli e Ricardo Rocha estão também ainda limitados). Agora como então, a equipa da Luz vem de uma série de resultados pouco animadores e vê nesta partida a hipótese de deitar a crise para trás das costas.
Que esperar então deste jogo?
Em primeiro lugar é necessário os benfiquistas entenderem que a vitória do ano passado, embora merecida, não corresponde a uma superioridade sobre a equipa britânica. Bastará comparar os dois orçamentos para tirar todas as dúvidas a este respeito. O Manchester é superior ao Benfica em todos os aspectos, e só com uma enorme superação dos benfiquistas e um dia menos bom dos pupilos de Alex Ferguson o resultado final nos pode sorrir. Foi isso que aconteceu naquela noite.
Na época transacta a situação classificativa fazia com que o empate eliminasse o Benfica. Este ano estamos na segunda jornada e um empate frente a um conjunto de top da poderosa Premier League, que engloba nas suas fileiras estrelas como Ronaldo, Scholes, Rooney, Ferdinand e companhia, não é de desprezar, e deve ser entendido como um bom resultado.
É com esta premissa que os jogadores devem entrar em campo, e é com ela também que os sócios e adeptos, que seguramente voltarão a encher a Luz, devem abordar o jogo.
O Benfica está a atravessar uma crise de resultados e de confiança própria de quem em tão pouco tempo tanta coisa mudou e de uma conturbada pré-época cheia de indefinições e equívocos dos quais o menos responsável será Fernando Santos - como sempre defendi, só lá para Outubro o Benfica terá condições para potenciar a indesmentível qualidade dos seus jogadores, quase todos experientes internacionais. Tem nesta jornada europeia a oportunidade ideal para afastar o peso da crise de cima das suas costas.
Por sua vez o Manchester, depois de um início de época arrasador parece agora oscilar ligeiramente, algo que certamente quererá rectificar já amanhã. Talvez também para eles o empate não seja mau de todo, sabendo-se no entanto a aversão, até mesmo cultural, que os ingleses têm em jogar para o nulo. Depois há também que contar com a sede de vingança que alguns jogadores sentirão assim que pisarem o relvado da Luz, de onde no ano passado saíram de ajoelhados perante uma eliminação de todo inesperada.

Em termos tácticos, Alex Ferguson apontaria neste jogo teoricamente para uma solução de 4-3-3, ou 4-4-2 disfarçado com Ronaldo a fazer de segundo ponta-de-lança atrás de Wayne Rooney - trata-se de um encontro fora de portas a exigir alguns cuidados. Todavia, olhando para a última partida dos “Red Devils” no terreno do Reading, foi quando Saha entrou em campo e Ronaldo se deslocou para a ala, que a equipa se libertou e conseguiu evitar a derrota.
Ainda assim, inclino-me mais para que o técnico escocês insista na primeira fórmula, segundo a qual o Manchester entraria então com o seguinte onze: Vandersar, Neville, Ferdinand, Brown, Heinze, Carrick, Scholes, Fletcher, Richardson, Ronaldo e Rooney.
Neste registo, Scholes surge frequentemente quase de perfil para com Ronaldo, fechando os alas Fletcher e Richardson para uma linha de três juntamente com Carrick (ou O’Shea).
Na opção por dois pontas-de-lança – que mesmo não sendo inicial surgirá de certo ao longo do jogo caso o Manchester não se venha a colocar em vantagem – o modelo do Manchester “britaniza-se” com o recuo de Scholes para o lado de Carrick, e os alas bem abertos (Ronaldo e Fletcher) no serviço aos dois pontas-de-lança. Para o Benfica talvez esta fórmula se tornasse mais simpática (permite muito mais espaço para lançar contra-ataques), motivo pelo qual não creio que Ferguson a vá utilizar de início.
Partindo então do primeiro sistema (uma espécie de 4-3-2-1), que antídoto poderá encontrar o Benfica para contrariar esta poderosa equipa, e conseguir o primeiro e mais importante objectivo da jornada, ou seja, evitar a derrota ?
Tendo em conta as limitações físicas de Rui Costa, Nuno Assis e Ricardo Rocha, num jogo extremamente exigente do ponto de vista do choque (e ainda agravado pela chuva), penso ser prudente recorrer a outros elementos.
Eu inicialmente optaria por um onze assim constituído: Quim, Alcides, Luisão, Anderson, Léo, Katsouranis, Petit, Karagounis, Paulo Jorge, Nuno Gomes e Simão.
Uma outra alternativa, mais conservadora e menos do agrado das bancadas, seria a inclusão de Beto no lugar de Paulo Jorge, libertando Karagounis , e apostando na velocidade de Simão e Nuno Gomes para as situações de contra-ataque.
No primeiro caso, dada a ausência de Rui Costa, e de acordo com as conclusões que se têm extraído dos últimos jogos, a equipa apresentaria um triângulo de meio-campo com um vértice defensivo (Katsouranis) e dois interiores (Karagounis pela direita e Petit pela esquerda). Nuno Gomes poderia recuar muitas vezes e com esse movimento arrastar centrais e permitir as entradas de Simão ou Paulo Jorge (pelo que se viu em Paços em grande forma física). Miccoli, ainda longe da sua melhor condição ficaria guardado para o caso de o desenrolar do jogo justificar a sua presença.
Segundo aquilo que tenho seguido do Manchester, parece-me que a equipa anda extraordinariamente dependente de Cristiano Ronaldo. A sua anulação (conforme aconteceu no ano passado) poderá ser a chave do jogo. Se ele surgir mais pelo centro do terreno, Petit poderia ter aqui uma oportunidade de brilhar, não sendo também despiciendo o raçudo jogador acompanhar as movimentações de Scholes, deixando para Katsouranis a cobertura ao português. O problema pôr-se-á se ele aparecer mais sobre a esquerda, onde Alcides talvez não seja suficientemente rápido para o acompanhar, sobretudo se quem estiver à sua frente não ajudar.
Veremos se estes cenários se confirmam ou não.
Reafirmo que o empate é um bom resultado, e se tudo terminar como começou (0-0) sairei feliz do Estádio. Espero portanto não ouvir assobios se a equipa optar por trocar a bola de modo seguro, sem grandes aventureirismos ofensivos. No ano passado o Benfica sofreu um golo aos seis minutos, e a partir de aí o “Inferno da Luz” fez-se sentir, e de que maneira, de modo a empurrar a equipa para a recuperação. Ora aí está um bom exemplo de apoio à equipa, que deveria ser sempre seguido.
Os sócios e adeptos do Benfica não costumam falhar quando o seu apoio é fundamental, e será isso com certeza que vai acontecer amanhã. Depois da saga da época passada, as grandes noites europeias vão voltar à Luz, e com elas grandiosas jornadas de benfiquismo, de tensão dramática e, esperemos, também de glória.

6 comentários:

Anónimo disse...

Cristiano Ronaldo, Spain loves you

T-Rex disse...

Vamos a eles!

PS:O teu blog já está linkado há bastante tempo, lf.
Após a visita inseri vários mas só ao fim de 2/3 dias fiz uma actualização. ;)

Um abraço.

Anónimo disse...

Boa antevisao.
So nao concordo com a opcao para ponta-de-lanca, este e o tipo de jogo onde e garantido que o N. Gomes, sem velocidade nem poder de choque, vai ser pouco eficaz, e que seria o jogo ideal para o Miccoli, espero que Santos faca a escolha certa.
Discordo tambem quanto ao que seria um bom resultado - temos a capacidade de ganhar por 2 ou 3 golos de diferenca. Facilmente.
Abracos,
Ratmic

Anónimo disse...

Obrigado T-Rex !

Um abraço

Anónimo disse...

Ratmic,

Não acho que o Benfica tenha argumentos para ganhar facilmente por 2 ou 3 ao Manchester.
Se isso sucedesse seria quase um escândalo a nivel europeu.

Temos que ter consciência das nossas limitações, e exigir apenas de acordo com elas.

Quanto ao ponta-de-lança parece-me que qualquer um que jogue bem em contra-ataque é uma opção correcta.
Nuno Gomes e Miccoli jogam ambos bem dessa forma. Mas Nuno tem mais estatuto e mais experiência, pelo que me parece correcto que seja titular.

Anónimo disse...

AVANTE BENFICA!!!!!QUE NOSSO VERMELHO PREVALEÇA SOBRE O DO MANCHESTER!