OS ANÉIS E OS DEDOS

Parece estar de novo em cima da mesa a hipótese de o Benfica estabelecer um contrato de “Naming” para o Estádio da Luz. Depois dos pavilhões (Açoreana e EDP), das bancadas (Coca Cola, Sagres, PT e Sapo) e agora do centro de estágio (CGD), seria a vez de também a própria Catedral poder vender o seu nome a um patrocinador.
Os números que se ouvem são espantosos – cerca de cinquenta milhões de euros por um período de dez anos -, e representariam uma importantíssima almofada orçamental para o clube da Luz durante a próxima década. Mas, ainda assim, há sócios que não estão de acordo. Não os entendo !
O nome dum estádio não passa disso mesmo. Não se trata de mudar o emblema, o nome do clube, ou as cores do equipamento. O que está em causa não é vender o estádio, mas sim um mero contrato comercial.
Há uns anos atrás, nos negros tempos de Vale e Azevedo, foi proposto pela direcção um modelo de SAD que previa a alienação da maioria do capital a privados, ficando o clube à mercê de um qualquer indivíduo ou empresa que, algures no mundo, decidisse comprar o Benfica só para si. A ideia que esta proposta encobria era naturalmente a de ser o presidente a ficar com a propriedade absoluta do clube, e seria extremamente difícil tirar-lha mais tarde das mãos, mesmo sabendo-se de tudo o que sucedeu nos anos seguintes (Gil y Gil esteve detido e o clube permaneceu na sua posse).
Esta proposta chegou a ser votada e aprovada em assembleia geral – tenho a consciência tranquila de tudo ter feito para que isso não acontecesse, ainda que correndo riscos, inclusivamente físicos -, e só a vitória de Manuel Vilarinho nas eleições seguintes impediu que a catástrofe se consumasse.
Porque chamo para aqui este exemplo ? Justamente para melhor se distinguir o essencial do acessório nesta temática.
O Benfica é dos sócios, e assim deve continuar a ser. Recusar-me-ia a pagar quotas para uma empresa ou empresário que me considerasse um mero cliente, nem que ele se chamasse Roman Abramovich e contratasse para o clube reforços milionários (se em Inglaterra o aceitam, é lá com eles). Gosto de sentir que aquilo me pertence, que o dono sou eu, em plano idêntico ao de todos os outros associados. Nunca sentiria qualquer comunhão clubista por uma empresa, ainda que utilizasse símbolos importantes para mim, mas que não passariam então de uma nostálgica recordação. Isto é o essencial.
Mudar o nome do estádio é um mero contrato comercial. Melhor dizendo, se os números de que falei se concretizarem, é um fabuloso contrato comercial. Importa negociá-lo da melhor forma, mas não prescindir desta enorme fonte de receita, que não põe minimamente em causa a identidade benfiquista, reforçando fortemente o equilíbrio financeiro do clube.
Que melhor exemplo para terminar, o de afirmar, como qualquer pai, que os meus filhos são o que de mais importante a vida me deu. Como é óbvio, dinheiro nenhum do mundo me faria sequer pensar na hipótese de os vender, nem que estivesse em causa a minha própria vida. Mas se alguém me pagasse cinquenta milhões de euros (ou até muito menos) para o meu filho se passar a chamar Daniel em vez de João, nem ele próprio me perdoaria se, um dia mais tarde, viesse a saber que eu havia recusado.

6 comentários:

Anónimo disse...

vai ler o artigo do Miguel Sousa Tavares, com urgência, que ele escreveu ontem na Bola. Podes ter acesso no site da bola

Anónimo disse...

Caro LF, em relação a este tema, devo relembrar o nome do nosso Estádio " Estádio do Sport Lisboa e Benfica ", mas é conhecido em todo o mundo, por outro nome " Estádio da Luz "

Em minha opinião, podem mudar-lhe o nome, mas será sempre conhecido pelo " Estádio da Luz "

Portanto a verba será sempre benvinda, o que levará a haver poder económico e transformar o nosso clube, num clube competitivo a nível internacional e estar sempre entre os melhores da Europa

Anónimo disse...

Ora aí está Catn. Faltou-me dizer isso !


Brytto,

Li o artigo de MST, mas não achei nada de interessante.
Não passa de um difícil exercício (gabo-lhe o esforço) para tentar justificar opiniões que se vieram a revelar completamente erradas.
Ficava-lhe melhor dar o braço a torcer, e reconhecer que Scolari é um grande treinador, e as suas escolhas foram adequadas.

Ninguém fez aquilo que ele acusa. Ele escreve todas as semanas na Bola, e todas as semanas disse o mesmo durante mais de um mês. Ninguém o impediu. Portanto...
As pessoas teimosas e presumidas, custam imenso a reconhecer quando estão erradas....

Pareceu-me também um artigo de despedida, o que me parece natural depois das barbaridades que ele foi escrevendo, mais do que contra o seleccionador ou seleccção, contra o mundial e contra o próprio futebol.
Eu chamei aqui a atenção para isso, num post chamado "Caçadores de Perdizes", ainda antes do Mundial começar. Ainda está no arquivo.

Em suma, acho que ele não percebe nada de futebol, e eventualmente nunca deveria ter escrito num jornal desportivo.

cj disse...

se houver aí alguém que me patrocine para eu mudar de nome, aceito propostas a partir de 1 milhão de euros.

Anónimo disse...

Eu se calhar até por 10 ou 15 mil euros mudava...isto se fosse por um nome normal.
Para me chamar Agapito ou Petrosteles, talvez só por 250 mil euros...

Anónimo disse...

Very best site. Keep working. Will return in the near future.
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