AINDA QUARESMA...

A polémica em torno da não convocação de Quaresma para o mundial parece estar para durar. No entanto, é possível vislumbrar um conjunto de motivos capaz de justificar a decisão de Scolari.
Se juntarmos aos episódios relembrados no comentário anterior, a reacção de Quaresma à sua substituição em Alvalade - depois de um lance em que deveria ter sido expulso por agressão a Tonel - e ainda o seu suposto distanciamento face aos colegas aquando do estágio antes do Portugal-Arábia Saudita na Alemanha, onde terá passado o tempo todo isolado e a ouvir música (para mais sabendo que estava a ser testado), teríamos encontrado razões suficientes para um seleccionador com o perfil de Luiz Felipe Scolari o não convocar para um evento onde se exige, além de um grupo coeso, profissionais capazes de representar o país de forma cuidada e exigente, em todas as situações que se lhes venham a deparar.
Todavia, parece óbvio que a razão da não convocação do extremo portista se prendeu basicamente com dois aspectos fundamentais, e do âmbito desportivo:
-A aposta que a federação faz no "seu" Euro-sub 21, onde Quaresma é um elemento nuclear.
-A fortíssima concorrência existente no grupo de Scolari para as posições de extremo, que inclui Figo, Ronaldo, Simão e Boa Morte, o que faria com que Quaresma não viesse provavelmente a ser titular na Alemanha.
Fossem quais fossem as razões nada justificaria contudo a ira do presidente portista e de alguns dos seus mais fiéis seguidores, perante um seleccionador que, além de ter conduzido Portugal à sua melhor performance de sempre em europeus, se prepara agora para dar corpo às nossas esperanças num mundial para o qual nos qualificou “com uma perna às costas”, o que também nunca – dessa forma - acontecera na história do nosso futebol.
Infelizmente existem pessoas com responsabilidades no futebol português, e Pinto da Costa é uma delas, a quem as atitudes mais ignóbeis são desculpadas e branqueadas por uma comunicação social sistematicamente de cócoras perante quem detém o poder, o que aliás parece também suceder com a justiça, ao contrário do exemplo que nos vem de outros países bem mais desenvolvidos que o nosso (na Itália ainda poderemos ver a Juventus na segunda divisão, tal como já sucedeu com o Milan)
Além de ter edificado e promovido, ao longo das décadas que leva no dirigismo, uma falsa e absurda guerra norte-sul, contribuindo para o acentuar de clivagens regionalistas sem razão de ser num país da dimensão do nosso, além do constante clima de guerrilha que implementou no futebol, com as suas insuportáveis ironias e cinismos, além de se ter achado no direito de enfrentar o poder autárquico democraticamente eleito na sua cidade logo que este não lhe satisfez os caprichos a que parecia estar habituado, Pinto da Costa parece agora apostado em, do alto do seu título nacional, afrontar a selecção nacional, o seleccionador e todos os portugueses que não fazem parte do seu séquito de fanáticos e arruaceiros.
Se esta não é a selecção do “seu” país, pois ainda bem. Esta é a selecção de Portugal, de Trás os Montes ao Algarve, do litoral ao interior, dos Açores, da Madeira, de Lisboa e...do Porto (que felizmente está muito para além do senhor Pinto da Costa).
É esta selecção que vai disputar o mundial, e é este o seleccionador, nem sequer adiantando nesta fase discutir as suas capacidades que, aliás, pelo que já fez, deveriam estar acima de qualquer polémica estéril como aquela a que estamos a assistir.
Hoje, a partir das 20.00 horas, os vinte e três que Scolari escolher, serão os vinte e três melhores jogadores de Portugal, e serão eles que todos teremos de apoiar incondicionalmente. No final da competição poder-se-á fazer então o balanço. Qualquer outra atitude será inaceitável, e este espírito tem de começar pela comunicação social, se é que quer contribuir para o sucesso da missão portuguesa na terra de Goethe.

1 comentário:

Anónimo disse...

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