O CLASSICO DE HOJE

Deixando de lado paixões, interesses, gostos ou contragostos, vamos assistir hoje a um interessante confronto entre duas equipas que representam filosofias de jogo completamente distintas, antagónicas mesmo.
De um lado um F.C.Porto com um processo ofensivo exuberante, muita posse de bola, muitas unidades envolvidas no ataque, elementos com elevado grau de criatividade individual, e uma generalizada atitude de risco.
Do outro, um Sporting coeso, combativo, calculista, rigoroso, jogando no erro do adversário, muito cuidadoso nas transições defensivas, pouco audaz nos movimentos de ataque, e apostando sobretudo na mobilidade e na eficácia de Liedson para criar perigo junto da baliza adversária.
É difícil prever quem possa levar a melhor, pois quase se assiste a uma simetria de potencialidades resultantes das vantagens de uns, perante as desvantagens de outros.
No último Chelsea-Barcelona, salvaguardando as distâncias, de contornos tacticamente semelhantes (de um lado o rigor e a eficácia, do outro a criatividade e o risco), foram os artistas a vencer. Mas a história do futebol está repleta de exemplos contrários.
À primeira vista o Sporting, fortemente motivado e confiante, parece ter diante de si uma equipa tacticamente propícia à exploração dos seus mais fortes pontos. Jogando com dois pontas de lança (Deivid fixo e Liedson mais móvel), vai obrigar Paulo Assunção a descer para o lado de Pepe, limitando também a acção de Pedro Emanuel (à partida mais descaído sobre a esquerda). Sá Pinto vai cruzar-se com Raul Meireles, e vai certamente sobrar algum espaço para iniciativas de João Moutinho (em grande forma) ou Carlos Martins.
Em termos defensivos, Caneira e Abel parecem ser homens para manietar a capacidade de construção de Quaresma e (ao que parece) Anderson, que poderá surgir numa das alas, o que será uma curiosidade acrescida. Tonel, Custódio e Polga podem assim manter a superioridade numérica que se exige no centro da defesa, perante McCarthy e Adriano.
Do lado do Porto, perante este aparentemente castrador equilíbrio, poderá emergir uma unidade capaz de fazer a diferença: Lucho Gonzalez. Vai depender muito da sua performance, a capacidade do F.C.Porto romper o espartilho em que Paulo Bento o vai tentar envolver.
A favor dos nortenhos pesa também o factor casa, muito embora em clássicos isso se venha a tornar cada vez menos relevante.
Não creio que os resultados do FCP frente a equipas do seu campeonato (empate com o Sporting, dois empates com o Braga e duas derrotas com o Benfica) resultem de nenhum aspecto técnico-táctico particular, mas tão somente de uma curiosidade estatística (recordo que a equipa de Adriaanse foi capaz de vencer o Inter de Milão no estádio do Dragão).
É claro que todas as análises que possam agora ser feitas são falíveis, pois a dinâmica do futebol é imprevisível. Um golo nos primeiros minutos (obrigando por exemplo o Sporting a tomar a iniciativa de jogo e recuperar um resultado, algo que há muitas jornadas não acontece), ou uma falha individual podem definir o prélio.
A ver vamos...

Equipas prováveis:
F.C.PORTO- Vítor Baía, Bosingwa, Pepe, Paulo Assunção, Pedro Emanuel, Raul Meireles, Lucho Gonzalez, Anderson, Benni McCarthy, Adriano e Ricardo Quaresma.
SPORTING- Ricardo, Abel, Tonel, Anderson Polga, Marco Caneira, Custódio, Carlos Martins, João Moutinho, Sá Pinto, Deivid e Liedson.

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